
As exportações de café despencaram em maio deste ano e o Brasil embarcou 2,96 milhões de sacas. Desta vez, a queda foi de 33% em relação ao mesmo período de 2024, quando os embarques somaram 4,45 milhões de sacas. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (10/9) pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
“O recuo observado nas exportações do Brasil reflete à menor disponibilidade de café, principalmente da espécie arábica, cuja colheita começou a ganhar corpo somente agora neste mês de junho, e o fato de nossos canéforas estarem menos competitivos, atualmente, em relação a outras origens produtoras, como Vietnã e Indonésia”, explicou, em nota, o presidente da entidade, Márcio Ferreira.
Contudo, a receita mensal cresceu 21,1% no mesmo intervalo comparativo, saindo de US$ 1,027 bilhão para os atuais US$ 1,243 bilhão. A alta se deve aos preços internacionais do grão, ados por baixos estoques globais, aumento da demanda e incertezas climáticas.
“Vivemos um período de perdas de potencial produtivo de café ao longo de praticamente cinco safras, devido aos extremos climáticos, com menores ofertas dos principais produtores mundiais, como Brasil, Vietnã, Colômbia e Indonésia, por exemplo, o que gerou a disparada nos preços em todo o mundo”, detalhou Ferreira.
Na soma dos 11 meses do ano safra 2024/25, o Brasil exportou 42,968 milhões de sacas de café, obtendo o valor recorde de US$ 13,691 bilhões com essas transações comerciais, apontou o Cecafé.
A análise do Cecafé para o ano civil de 2025 – de janeiro a maio -, registrou o embarque de 16,79 milhões de sacas, recuo de 19,2% em comparação com igual período de 2024. Nesse intervalo, a receita cambial cresceu 44,3%, para US$ 6,48 bilhões — outro recorde histórico, de acordo com o Cecafé. Os motivos para igual performance de maior receita, mesmo com menor volume exportado, também se deu pelo quadro de produção global.
Arábica lidera com mais de 14 milhões de sacas
O café arábica respondeu por 14,12 milhões de sacas exportadas entre janeiro e maio, representando 84,1% do total de café verde embarcado. A receita gerada com a variedade foi de US$ 5,67 bilhões, a um preço médio de US$ 401,77 por saca.
Destaque também para os cafés diferenciados da espécie – que possuem certificados de práticas sustentáveis ou qualidade superior – responderam por 22,1% das exportações totais brasileiras nos cinco primeiros meses de 2025, com a remessa de 3,703 milhões de sacas ao exterior. Entretanto, esse volume é 7,2% inferior ao registrado no acumulado de janeiro a maio do ano ado.
Já as exportações de café canéfora (conilon e robusta) totalizaram 1,01 milhão de sacas no período de janeiro a maio, com receita de US$ 305,1 milhões e preço médio de US$ 301,82 por saca. O desempenho representa apenas 6% do total exportado.
Principais destinos
Nos primeiros quatro meses de 2025, os Estados Unidos seguem como principal destino do café brasileiro, com 2,87 milhões de sacas importadas nos cinco primeiros meses do ano. Porém, este mês, houve queda de 17,4% em relação a 2024. Em seguida aparecem Alemanha (2,11 milhões de sacas, com recuo de 28,7%) e Itália (1,37 milhão, diminuição de 17,5%).
Por outro lado, o Japão, que está em quarto lugar no ranking de maiores destinos, importou 1,08 milhão de sacas, aumento de 10,6%.
Apesar da queda generalizada nos embarques, os mercados asiáticos mostraram maior resiliência, de acordo com as estatísticas do Cecafé. As exportações para a região somaram 3,64 milhões de sacas entre janeiro e maio, com queda de 5,8% no volume. A receita, no entanto, subiu 67%, atingindo US$ 1,39 bilhão — o que evidencia a forte valorização do produto e o crescimento da demanda em países como Coreia do Sul (comprou 9,8% a mais) e Turquia (11,7% a mais).
Por Isadora Camargo — São Paulo